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Quatenus, do latim usado por Spinoza, significa “enquanto” ou “à medida que”: isso enquanto aquilo, uma coisa enquanto considerada de uma certa maneira, sob uma certa perspectiva ou em um dado contexto, algo enquanto considerado num certo sentido.
Tal coisa, considerada neste sentido – o que significa que há outros sentidos, sempre há outros sentidos. Dizer portanto que algo é considerado enquanto tal, indica que as coisas podem ser consideradas de diversas maneiras, ou seja, que não há valor ou mesmo significado intrínseco às coisas.
Como no trecho: “Concebemos as coisas atuais de duas maneiras:
ou enquanto [quatenus] existem em relação com um tempo e um local determinados, ou enquanto [quatenus] […] sob a perspectiva da eternidade” (Ética V 29 esc.)
É fundamental não confundir palavras e coisas, alerta Spinoza (E II 49 esc.) – o importante é entender em que sentido estamos usando um termo, ou considerando algo.
As coisas não são fixas, não são idênticas a si-mesmas, se fazem por uma continuidade móvel, por relações entre suas partes, e por isso têm a capacidade de perseverar em seu ser.
Por isso, as coisas, as situações, demandam, no nível da linguagem e da compreensão, uma definição adequada quanto à maneira pela qual as estamos considerando.
A fixidez de algo somente existe na mente – sempre que esta, ao invés de compreender o objeto real, múltiplo e complexo, prefere legislar, em vão, representar, apegar-se a palavras, almejando um controle ilusório, quando o que se obtém como resultado é somente uma dissociação psíquica do real.